Clara Sampaio
Estrutura Superficial faz parte de uma série de investigações no campo da curadoria em arte contemporânea, que busca compreender suas ferramentas e procedimentos por meio de experiências visuais com o desenho, a colagem, a fotografia e o vídeo.
Compreendendo, portanto, a curadoria como linguagem, os trabalhos apresentados fazem uso de um arquivo de catálogos e impressos de exposições de arte realizadas no Brasil e em Portugal entre os anos de 2013 a 2017 e fazem parte de uma proposta maior que investiga a constituição de projetos curatoriais e expográficos, seus métodos e enquadramentos ideológicos. Por meio do recorte de nomes de artistas, exposições e instituições, o trabalho propõe pensar nas estruturas de poder por detrás da linguagem, comparando eventos diversos no sistema da arte ao evidenciar suas peculiaridades e semelhanças.
Uma parte do projeto foi publicada na Revista do Programa de Pós Graduação em Artes da Universidade Federal do Espírito Santo – Revista do Colóquio - Colartes, v.7, n13, 2017. http://www.periodicos.ufes.br/colartes/article/view/18 242
Em Insígnia, me debruço sobre os cartazes produzidos em diversas épocas para eventos realizados no Colégio das Artes, Universidade de Coimbra. A ação consiste em recortar do papel as palavras e símbolos que identificam a instituição e, com sua ausência, ressaltar como uma hierarquia de informações é elaborada nesses materiais.Mesmo possuindo autorias diferentes, observam-se critérios de construção bastante estabelecidos. Por contraste, destaca-se a presença da forma-símbolo da Universidade. Há, curiosamente, nos cartazes coletados uma variação da tonalidade do brasão, que em suas três versões parece simbolicamente esvanecer. Os rasgos, contudo, reforçam sua presença. No último cartaz, caso mais emblemático dessa investigação, a insígnia se sobrepõe aos nomes dos artistas participantes da exposição Motel Coimbra, inclusive sublimando a leitura dessa informação. Dessa maneira, o jogo entre fazer sumir e aparecer faz novas inserções sobre tais construção gráficas e tem por fim voltar ao sistema expositivo como uma espécie de metalinguagem, incorporando a parede como elemento do trabalho.